14 de Abril de 2025,10h00
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Com a crescente preocupação sobre o destino do lixo têxtil, cresce também o debate sobre possíveis soluções para os resíduos da moda.
Uma das alternativas mais polêmicas é a incineração de roupas, prática adotada por algumas empresas como forma de eliminar excedentes ou materiais não reaproveitados.
No entanto, do ponto de vista ambiental, essa não é uma opção sustentável.
Boa parte das roupas descartadas contêm tecidos sintéticos, como poliéster e nylon, derivados do petróleo.
Ao serem queimados, esses materiais liberam gases de efeito estufa e substâncias tóxicas, como dioxinas e metais pesados.
Além dos danos à atmosfera, há risco à saúde humana e à contaminação do solo e da água, dependendo do tipo de fornalha e dos sistemas de controle utilizados.
Outro impacto negativo está na quebra do ciclo da economia circular. Ao incinerar roupas, perde-se a chance de prolongar sua vida útil por meio da reutilização, reciclagem ou transformação criativa (upcycling).
Para tecidos naturais, existe ainda a possibilidade de compostagem controlada, o que reforça a necessidade de repensar a lógica do descarte.
Além disso, a incineração desvia o foco da causa do problema: a produção excessiva e o consumo acelerado de roupas, impulsionados por modelos como o fast fashion.
Queimar os resíduos trata apenas o sintoma, sem enfrentar o problema estrutural da indústria.
A transição para práticas sustentáveis exige menos descarte e mais durabilidade, reparo, troca e aluguel de roupas.
Organismos internacionais, como a Fundação Ellen MacArthur, e universidades europeias têm reforçado que a solução passa por modelos de negócio mais circulares e políticas públicas que incentivem a redução do volume de lixo têxtil, não pelo uso de fornos industriais.
O desafio é complexo, mas o caminho passa por informação, consciência e inovação. Queimar não resolve nada e apenas transforma um problema visível em um invisível.
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